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3 de julho de 2025

Participante dos Legendários morreu durante retiro espiritual

Um participante do movimento cristão Legendários morreu durante um retiro no Mato Grosso. O caso reacende debates sobre os riscos físicos das imersões promovidas pelo grupo e, em Pirenópolis, traz à tona polêmicas locais envolvendo impacto ambiental e acesso a áreas protegidas.
Jordão Vilela
Jordão Vilela

01 de julho de 2025 às 09:30

Participante dos Legendários morreu durante retiro espiritual - jii 8

Rodrigo Nunes de Oliveira, de 40 anos, técnico em segurança do trabalho e cristão da Igreja Metodista, faleceu neste sábado (28) após sofrer uma convulsão durante um evento promovido pelo movimento Legendários, em Rondonópolis (MT). O caso aconteceu ao fim de uma trilha, durante um retiro espiritual apenas para homens, que integra uma série de atividades promovidas pelo grupo com o objetivo de, segundo seus organizadores, “restaurar o verdadeiro papel do homem na sociedade”.

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Rodrigo havia participado de toda a programação do chamado TOP – Track Outdoor de Potencial, uma imersão de 72 horas na natureza com trilhas e desafios físicos, emocionais e espirituais. Segundo familiares, ele estava orando quando começou a passar mal. Mesmo após ser levado ao hospital e entubado, não resistiu à parada cardiorrespiratória.

Quem são os Legendários?

O movimento Legendários foi fundado na Guatemala, em 2015, pelo pastor Chepe Putzu, e tem se espalhado por vários estados brasileiros. Com forte viés religioso, o grupo reúne homens em atividades de superação e reflexão com o lema “Amor, Honra e Unidade (AHU)”. O preço da participação varia de R$ 450 a até R$ 81 mil, dependendo do local e da estrutura.

A proposta, segundo seus idealizadores, é promover um “resgate da essência masculina”, focando em liderança, espiritualidade, serviço à família e à comunidade. No entanto, o método usado — que inclui rituais, caminhadas extenuantes e experiências emocionais intensas — levanta questões sobre preparo físico dos participantes e segurança.

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Polêmicas em Pirenópolis

Em Pirenópolis, o grupo Legendários também já passou pelas trilhas da cidade e gerou polêmica. Em uma das edições do retiro na região, participantes acessaram áreas de proteção ambiental sem autorização e deixaram resíduos no local. O episódio causou indignação em moradores, ambientalistas e condutores de ecoturismo, que denunciaram a falta de respeito às regras de preservação.

A cidade, que é cercada por unidades de conservação e trilhas ecologicamente sensíveis, depende fortemente do turismo sustentável. Por isso, ações de grupos que não seguem normas ambientais representam um risco direto ao patrimônio natural local — e geram desgaste com a comunidade.

Reflexão necessária

A trágica morte de Rodrigo Nunes acende um alerta importante. Embora a espiritualidade, a comunhão e o autoconhecimento sejam experiências legítimas e valiosas, é preciso cuidado com o tipo de atividade proposta, os riscos físicos envolvidos e o impacto ambiental causado, especialmente em lugares como Pirenópolis, onde o equilíbrio entre turismo, fé e natureza é delicado.

Movimentos como o Legendários têm ganhado força entre grupos cristãos, mas também precisam se comprometer com responsabilidade, segurança e respeito às comunidades e ao meio ambiente por onde passam.

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