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5 de agosto de 2025

Quando uma árvore parte, fica a sombra da memória

A árvore barriguda da Rua Zezito Pompeu, em Pirenópolis, foi retirada por risco de queda. Mais que segurança, a remoção marcou a despedida simbólica da velha companheira.
Jordão Vilela
Jordão Vilela

22 de julho de 2025 às 16:52

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Na Rua Zezito Pompeu, no Jardim Vila Boa, um silêncio diferente pairou no ar. Era o som de uma ausência. A barriguda que ali viveu por décadas, frondosa, imponente, generosa em sombra e presença, foi derrubada nesta semana. A decisão foi tomada por questões de segurança pública, após laudos apontarem que a árvore estava condenada, com risco de queda sobre carros, pedestres e casas da vizinhança.

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A operação de retirada, conduzida por equipes da Prefeitura de Pirenópolis com apoio do Corpo de Bombeiros, foi técnica e necessária. Mas quem é de Pirenópolis sabe: aqui, nenhuma árvore é só uma árvore.

Pirenópolis é uma cidade diferente. Em meio ao casario colonial, às ruas de pedra e aos rios que cortam o centro, há também as árvores — parte viva da identidade urbana, moldadas pelo tempo, pelo cerrado e pelo afeto da comunidade. Cada uma delas faz parte da alma da cidade. Não é raro ver moradores se referindo a uma mangueira, um ipê ou uma barriguda como se falassem de um velho amigo.

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A barriguda da Zezito Pompeu era uma dessas companheiras silenciosas. Testemunha de idas e vindas, de sorrisos, de cochilos no banco ao lado, de crianças jogando bola. Sua sombra já abrigou conversas de fim de tarde, vendedores ambulantes, casais de mãos dadas e moradores que a ela se acostumaram como parte da paisagem — como se fosse eterna.

Mas a natureza também tem seus ciclos. E mesmo quando uma árvore precisa partir, ela deixa algo plantado: a memória.

Que essa perda, necessária, nos ajude a cuidar melhor das que ainda estão de pé. Que a lembrança dessa barriguda nos lembre do valor de cada copa que resiste, de cada raiz que finca a cidade na terra, e de como Pirenópolis floresce também porque respeita a natureza em sua forma mais simples, mais bela e mais poderosa: viva.

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