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3 de julho de 2025

Procissão das almas e o mistério nas ruas de Piri

Em Pirenópolis, a lenda da Procissão das Almas conta que figuras encapuzadas caminhavam em silêncio pela cidade e pelas matas durante a madrugada, levando velas em penitência pelas almas dos mortos.
Jordão Vilela
Jordão Vilela

30 de junho de 2025 às 09:30

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Pirenópolis, conhecida por suas cachoeiras, festas tradicionais e arquitetura colonial, também abriga histórias que habitam o imaginário coletivo há gerações. Entre elas, uma lenda desperta fascínio e calafrios: a da Procissão das Almas, em que encapuzados percorriam ruas e trilhas em silêncio, iluminados apenas por velas, em rituais de fé e arrependimento.

Uma tradição que virou lenda

De acordo com a pesquisadora de cultura popular Tereza Caroline Lôbo, a Procissão das Almas era uma prática comum na antiga Pirenópolis. Realizada durante a madrugada, ela envolvia pessoas cobertas por capuzes brancos, em penitência por crimes cometidos — especialmente homicídios. O capuz servia para ocultar a identidade dos participantes, simbolizando o arrependimento silencioso e anônimo diante das almas que, acredita-se, ainda vagam entre nós.

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“Era uma forma de pagar promessas, acalmar espíritos e buscar o perdão por pecados graves”, explica a pesquisadora.

A vela que virou osso

Um dos relatos mais impressionantes vem da senhora conhecida como Dona Benta, moradora antiga da cidade. Segundo ela, ao espiar pela janela durante uma dessas procissões (algo que, dizia-se, não deveria ser feito), recebeu de um encapuzado uma vela acesa. No dia seguinte, ao verificar o que tinha guardado, percebeu que não era uma vela — mas um osso humano.

Histórias como essa circulam em rodas de conversa, reforçando o caráter místico e sombrio dessas caminhadas noturnas. Para muitos, eram mais que rituais: eram encontros com o invisível.

Um viajante e o desfile de mortos

Outra fonte da lenda está nas cartas do paulista Carlos Pereira de Magalhães, escritas durante uma viagem a Pirenópolis no início do século XX, quando vinha regularizar as terras onde hoje se encontra a famosa Cachoeira do Abade. Em seu diário, publicado posteriormente no livro Cartas de Goiás, ele descreve uma cena impactante:

“Vinha uma procissão em fila de índio, todos mascarados e embuçados em lençóis. Um desfile de mortos! Tentamos falar com os últimos da fila, mas não nos deram atenção, prosseguiam na marcha, absortos e silenciosos.”

Segundo o próprio viajante, a procissão era composta apenas por homicidas e cúmplices, caminhando para apaziguar as almas daqueles que haviam sido mortos.

Lenda ou verdade?

A Procissão das Almas pode ter se encerrado como prática, mas permanece viva na oralidade e no misticismo que envolve Pirenópolis. É um lembrete de que o passado da cidade não se resume a festas e monumentos, mas também aos mistérios que caminham entre luzes baixas, capuzes e silêncios noturnos.

📣 E você, já ouviu falar dessa lenda? Conhece alguma outra história parecida que tenha sido contada em sua família? Compartilhe com a gente nos comentários ou envie para o nosso e-mail. A cultura popular de Pirenópolis vive por meio da memória de quem a ama e preserva!

Fonte: O Popular

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